Desmatamento na Amazônia: primeiro trimestre do ano é o 2º pior desde 2008

Dentre os nove estados da Amazônia Legal, oito apresentaram aumento no desmatamento, em área que equivale a quase mil campos de futebol por dia. Dados são da Imazon.

Por Marcelo Telles - 25/04/2023 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 25/04/2023 as 12:03

A Amazônia Legal, que é a área em que a bacia Amazônica pertence a estados brasileiros, registrou, em março deste ano, o seu segundo pior índice de desmatamento em, pelo menos, 16 anos.


No período, foi confirmado que o desmatamento nesta área aumentou em, praticamente, três vezes, comparado ao ano de 2022, com um crescimento significativo de cerca de 180%.



O relatório foi divulgado na semana passada pelo Imazon, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. A instituição é brasileira, focada em pesquisas para promover a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O Imazon existe há 30 anos e já publicou, aproximadamente, 700 artigos em revistas científicas internacionais, além de mais de 100 livros.


As imagens de satélite foram estudadas e monitoradas pela organização, onde detectaram uma área de 867km² de derrubadas nos três primeiros meses de 2023, abrangendo a bacia Amazônica nos estados de Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Amapá, Pará, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima.



Toda essa área é equivalente à perda de quase mil campos de futebol oficiais, por dia, de mata nativa. O número só fica abaixo do apresentando em 2021, com 1.185km², no mesmo período do ano.



De acordo com o próprio Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, é necessário adotar, de forma urgente, ações que visem proteger os territórios que estão mais ameaçados.


Com esses dados, de acordo com o instituto, a quantidade de desmatamento já ultrapassou o previsto para o período entre agosto de 2022 e julho de 2023.


Ao total, 76% do local desmatado foi em áreas privadas ou em estágio de posse. Em áreas de assentamentos foram 19%, em Unidades de Conservação foram 4% e, por fim, 1% da área desmatada permanecia dentro de terras indígenas.



Eis as porcentagens dos desmatamentos detectados em março deste ano para cada estado dentro da Amazônia Legal: Amazonas (30%), Pará (27%), Mato Grosso (25%), Roraima (8%), Rondônia (6%), Maranhão (3%) e Acre (1%).


De acordo com o pesquisador do instituto, Carlos Souza Jr., ainda há casos muito graves, como o da Unidade de Conservação APA Triunfo do Xingu, no estado do Pará, que perdeu uma área de 500 campos de futebol, apenas no terceiro mês do ano.


Dentre todos os estados, foi no Amazonas em que o aumento do desmatamento liderou, principalmente na região sul amazonense. A derrubada passou de 12km² em março de 2022 para 104km² em março deste ano. Isso representa uma área nove vezes maior, com uma alta de 767%.


Em comunicado divulgado à imprensa, o pesquisador do Imazon cobrou ações do governo federal e dos governos estaduais destas áreas, dizendo que não se pode deixar impune os casos de desmatamentos ilegais, bem como a apropriação de terras públicas. 



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