Barreira ecológica: conheça as ações de proteção ambiental que estão se espalhando pelo Brasil

As ecobarreiras, como também são chamadas, retém os lixos dos rios com ajuda de voluntários

Por Marcelo Telles - 19/11/2021 em Notícias / Meio Ambiente

De alguma forma, a Mãe Natureza sorri ao ver projetos tão bem trabalhados e pensando, unicamente, em fazer o bem para o meio ambiente, como é o caso da barreira ecológica.

Propagar essas ações já é uma atitude e tanto, mas precisamos nos levantar e aplaudir quem dedica muito tempo e suor para colocar tudo isso em prática. Afinal, temos que dar ênfase aos projetos que tentam, de alguma maneira, salvar o planeta.

Antes de dar nome aos líderes dessa ação, precisamos explicar um pouco mais o que são as barreiras ecológicas, ou também, ecobarreiras.


O QUE SÃO AS ECOBARREIRAS?


As barreiras são feitas com galões, cordas e redes, de forma muito bem pensada e organizada, amarradas de ponta a ponta, com o objetivo de reter os resíduos e lixos pesados que são jogados nos rios e levados pela força das águas.

A ação, que tem impedido toneladas de lixo de avançarem para outras regiões, também é totalmente benéfica, não só para as águas em si, mas para a vida dos animais e dos peixes que ali vivem.

Em algumas regiões, dependendo de sua localidade, as barreiras têm impedido, inclusive, que toda essa quantidade de lixo avance para o mar.


O mais interessante é que, conversando com os líderes desses projetos, foi observado que a ação não mudou apenas o meio ambiente, mas a atitudes das pessoas da região que, ao se depararem com as barreiras e o lixo retido, perceberam o quão negativo pode ser o descarte de resíduos nos rios e em suas respectivas margens.

Ações que são inspiradoras, incentivando que, cada vez mais, cresça esse tipo de atitude para preservar o meio ambiente.

Foi o caso do projeto das barreiras ecológicas de Colombo, no Paraná, protegendo e tentando trazer mais vida para o Rio Atuba, que forma o Iguaçu, inclusive as cataratas.


ECOBARREIRA NO RIO ATUBA


Diego Saldanha tem 35 anos, reside na cidade de Colombo-PR e é vendedor de fruta. Mas, muito mais do que vendedor, ele é um grande ativista ambiental.

Na infância, Diego brincava e pescava no Rio Atuba, possuindo, até hoje, uma relação afetiva com aquelas águas.

Anos mais tarde, com o crescimento da poluição e dos lixos deixados no rio, Diego percebeu que o local, que tanto foi seu parceiro de vida, estava clamando por ajuda. O Atuba acabou se tornando um rio urbano e totalmente degradado.

Foi aí que, em 2016, Diego não aguentou mais ver aquela situação e resolveu ajudar de alguma forma. Teve, então, a ideia de instalar uma barreira ecológica.


"Eu, como cidadão comum, estou tentando fazer alguma coisa para ajudar a mudar a realidade do Rio Atuba. O funcionamento dela e a montagem em si é bem simples: eu fiz ela com galões de 50 litros, envolvidos por redes de proteção e amarrei em uma ponta da margem do rio até a outra ponta e todo lixo que desce, flutuando, a barreira segura. Até hoje, desde 2016, eu vou três vezes na semana, faça chuva ou faça sol, até o local e faço a limpeza, retirando tudo que fica retido nas ecobarreiras", comentou Diego.

Segundo o idealizador do projeto, todos os tipos de lixo estão presentes nessa retenção. Mas os que mais aparecem são sacolas, garrafas pet e isopor.

Com o passar dos anos, o projeto teve uma repercussão muito grande e várias pessoas começaram a acompanhar a ação. Em seu Instagram (@ecobarreira_diegosaldanha) e em sua demais redes sociais, Diego compartilha um pouco de todo o processo, desde o seu funcionamento até a retirada dos lixos.


Mas hoje, anos depois, o projeto já está mais moderno e reformulado. Diego mudou o sistema, o deixando mais eficaz: com tubos de PVC e uma grade que desce 15 centímetros abaixo do nível da água, a barreira começou a reter itens que não conseguia segurar, anteriormente, como bitucas de cigarro e canudos.

Nesses, aproximados, cinco anos de barreira ecológica, Diego disse ter um cálculo de 10 toneladas de lixo já retiradas no projeto.

Isso fez o projeto de Diego receber o Prêmio Lixo Zero, no Rio de Janeiro e o Prêmio Empreendedorismo, de Goiânia, já que consegue reciclar a maior parte do que é retirado. Diego vende esse material e usa a verba para a melhoria das ecobarreiras e crescimento da ação.

"O projeto acabou virando um projeto de vida! Eu recebo escolas nas ecobarreiras para dar palestras sobre meio ambiente, vou à empresas falar um pouco da experiência... Essa atitude ganhou destaque nas principais emissoras do país, fui a diversos programas nos principais canais da tv aberta, com até mesmo programas especiais, me levando para conhecer as Cataratas do Iguaçu. Isso tudo graças ao trabalho que tenho realizado".


O projeto cresceu tanto que, atualmente, ele conta com guincho, ajudando na retirada do lixo. Diego também fez uma ponte, para poder dar manutenção ao outro lado do rio, conseguindo tirar o lixo de cima da ponte.

Empresas privadas ajudam no projeto, que consegue trazer um pouco de qualidade de vida para o Rio Atuba e para toda a comunidade. 

Um orgulho e tanto para Diego, que tanto idealizou esses resultados.

"É muito bom saber que posso ajudar o rio e conscientizar as pessoas para a importância de proteger nossas águas. Principalmente agora que o Paraná atravessa uma crise hídrica muito preocupante... A água é o nosso bem maior e a gente precisa preservar", finalizou Diego.


H20 PROJETO ECOLÓGICO


O belo e eficiente projeto de Diego serviu de inspiração. Foi por conta de sua repercussão, que Samuel Gonçalves, da cidade de Socorro-SP, a 130 quilômetros da capital, resolveu ajudar com a sua própria ecobarreira.

'Guardião dos Rios', como se autointitula, Samuel percebeu que precisava usar a mesma esperança que Diego teve ao ver a degradação do rio, para implantar o sistema em seu município.

Foi assim que Samuel criou a Ecobarreira do Rio do Peixe, que corta toda a cidade e tem uma importância enorme para toda a região.

"A barreira é uma ferramenta totalmente eficiente para a retirada de diversos resíduos que passam flutuando por qualquer rio. Os benefícios em retirar esses resíduos são inexplicáveis. Como, dificilmente, esses resíduos seriam retirados da natureza, resolvi aderir ao projeto, com muita ação e educação ambiental, melhorando a vida dos animais e dos peixes que ali vivem", disse Samuel.


Apesar de sempre ficar muito incomodado vendo os resíduos deixados na natureza, foi assistindo a um vídeo de Diego que Samuel arrancou todas as inspirações possíveis para ajudar e criou o H2O Projeto Ecológico, sediado na própria cidade de Socorro.

Em um levantamento feito por Samuel, em dois anos de projeto, os resíduos que passavam pelo Rio do Peixe diminuíram em 70%.

Um trabalho que é feito, não apenas, para diminuir o impacto nos rios, mas sim para mudar a mentalidade de toda a população.

"Eu fiz com a intenção de retirar os resíduos que estavam sempre presentes no rio. Com esse trabalho, estamos tentando mudar as atitudes das pessoas, também. Com essa diminuição de 70% em dois anos, eu tenho certeza que o resultado foi positivo, funcionou muito bem! É importante sempre lembrar: precisamos preservar a mãe natureza", disse.


EXEMPLO PARA TODO O PLANETA

Atitudes como a de Diego e Samuel podem mudar a vida dos rios, da natureza, de toda a comunidade, de todo o país... E, porque não, do mundo inteiro? 

Samuel se inspirou no projeto de Diego e já existem grupos que estão se inspirando na atitude de Samuel. Futuramente, mais e mais pessoas se inspirarão nas atitudes dessas pessoas e a implementação das barreiras ecológicas só tende a aumentar.

E assim como as águas dos rios que vão se espalhando, essa rede de inspiração só cresce e se torna uma grande fonte de amor e carinho com o próximo.

Como foi dito no início desta matéria: a Mãe Natureza sorri! (E agradece)!

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