Peixe pescado e solto vale mais do que 30 vezes o valor dele como alimento, diz estudo

Pesquisa da Superintendência de Pesca do Paraná mostra que um quilo de peixe capturado e solto movimenta, em média, R$942 na economia, contra cerca de R$30 se vendido para consumo.

Por Marcelo Telles - 08/08/2025 em Notícias / Mercado - atualizado em 14/08/2025 as 17:02

O peixe vivo vale MUITO mais!


Um levantamento da Superintendência de Pesca e Bacias Hidrográficas do Paraná revelou um dado que pode mudar a forma como o valor do peixe é percebido no país: na pesca esportiva, um quilo de peixe vivo (capturado e devolvido à água) movimenta cerca de R$942 na economia, contra cerca de R$30 que renderia se tivesse sido abatido e comercializado como alimento.



Os números foram obtidos a partir de cinco anos de acompanhamento de torneios e eventos de pesca esportiva no Paraná, com coleta detalhada de informações sobre todas as espécies capturadas e sobre os investimentos dos participantes. 


“Solicitamos que os organizadores registrassem não só os peixes que valeram pontos, mas todas as capturas, além do investimento de cada competidor. A partir daí, conseguimos chegar a um valor médio real do impacto econômico de cada peixe vivo”, explica Roald Andreta, técnico da Superintendência de Pesca do Paraná.


O cálculo considera uma ampla cadeia de serviços e produtos: inscrição nos torneios, compra de iscas e equipamentos, manutenção de embarcações, hospedagem, alimentação, transporte e até o comércio local impulsionado pelo fluxo de turistas. 


“E com um detalhe: o peixe volta para a água, podendo ser pescado novamente, gerando valor mais de uma vez”, destaca Andreta.



Para Francisco Martin, superintendente-geral da Pesca e Bacias Hidrográficas do Paraná, o resultado é prova concreta do que pescadores esportivos sempre repetem: “o peixe vivo vale mais”. E ele acrescenta:


“A pesca esportiva é uma indústria limpa, que gera emprego e renda, preserva os recursos naturais e movimenta milhões de reais todos os anos no Brasil”, diz.




Um mercado em expansão


O Brasil já contabiliza mais de 300 torneios oficiais de pesca esportiva e mais de mil operações turísticas dedicadas à prática, segundo dados cadastrais da Fish TV. O setor vem atraindo cada vez mais investimentos e despertando o interesse de municípios que veem na atividade uma oportunidade de crescimento sustentável. 


Segundo a META (2025), 28,9 milhões de brasileiros têm interesse na pesca esportiva, um mercado que movimenta turismo, equipamentos, vestuário, embarcações, veículos e tecnologia.


Apenas nos Estados Unidos, segundo dados da American Sportfish Association, a pesca esportiva movimenta mais de US$230 bilhões por ano na economia. Porém, o Brasil é o melhor local do mundo para a prática, com a maior bacia hidrográfica do mundo, com mais de 5 mil espécies de peixes catalogadas e mais de 7 mil km de costa litorânea.


Em regiões com grande vocação pesqueira, como o Pantanal, a Amazônia e represas do Sudeste e Sul, a pesca esportiva se consolida como ponto forte econômico, que alia conservação ambiental, turismo e geração de emprego e renda.


E onde o rio não passa, os pesqueiros também vêm ganhando cada vez mais força, ainda mais com grandes torneios em todos os cantos do país, movimentando a economia por todas as regiões.



A lógica é simples: quanto mais preservado o ambiente aquático e suas populações de peixes, maior é o potencial de retorno financeiro para comunidades e empresas locais. Isso cria um círculo virtuoso que beneficia o peixe, o pescador e a natureza. 


“Não dá para comparar o valor de um peixe abatido com o de um peixe que pode ser pescado e solto diversas vezes ao longo de sua vida”, reforça Martin.


O estudo evidencia três impactos claros:


Econômico: a pesca esportiva distribui renda por toda a cadeia, do fabricante de anzóis ao dono da pousada.


Ambiental: valoriza e preserva o recurso vivo, garantindo a reprodução e o equilíbrio ecológico.


Social: promove turismo, lazer e esporte, estimulando comunidades a manter os rios e lagos saudáveis.



Em um país com rios extensos, biodiversidade aquática única e cenários naturais de tirar o fôlego, o potencial da pesca esportiva ainda ainda pode ser melhor explorado.


A Superintendência estima que, se a média identificada no Paraná fosse replicada nacionalmente, o impacto econômico poderia chegar a bilhões de reais por ano.


A mensagem final, reforçada por pescadores e especialistas, é direta: preservar significa multiplicar.


Como diz o lema que corre entre os apaixonados pelo esporte: o peixe vivo sempre vale mais!


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