O peixe vivo vale MUITO mais!
Um levantamento da Superintendência de Pesca e Bacias Hidrográficas do Paraná revelou um dado que pode mudar a forma como o valor do peixe é percebido no país: na pesca esportiva, um quilo de peixe vivo (capturado e devolvido à água) movimenta cerca de R$942 na economia, contra cerca de R$30 que renderia se tivesse sido abatido e comercializado como alimento.
Os números foram obtidos a partir de cinco anos de acompanhamento de torneios e eventos de pesca esportiva no Paraná, com coleta detalhada de informações sobre todas as espécies capturadas e sobre os investimentos dos participantes.
“Solicitamos que os organizadores registrassem não só os peixes que valeram pontos, mas todas as capturas, além do investimento de cada competidor. A partir daí, conseguimos chegar a um valor médio real do impacto econômico de cada peixe vivo”, explica Roald Andreta, técnico da Superintendência de Pesca do Paraná.
O cálculo considera uma ampla cadeia de serviços e produtos: inscrição nos torneios, compra de iscas e equipamentos, manutenção de embarcações, hospedagem, alimentação, transporte e até o comércio local impulsionado pelo fluxo de turistas.
“E com um detalhe: o peixe volta para a água, podendo ser pescado novamente, gerando valor mais de uma vez”, destaca Andreta.
Para Francisco Martin, superintendente-geral da Pesca e Bacias Hidrográficas do Paraná, o resultado é prova concreta do que pescadores esportivos sempre repetem: “o peixe vivo vale mais”. E ele acrescenta:
“A pesca esportiva é uma indústria limpa, que gera emprego e renda, preserva os recursos naturais e movimenta milhões de reais todos os anos no Brasil”, diz.
Um mercado em expansão
O Brasil já contabiliza mais de 300 torneios oficiais de pesca esportiva e mais de mil operações turísticas dedicadas à prática, segundo dados cadastrais da Fish TV. O setor vem atraindo cada vez mais investimentos e despertando o interesse de municípios que veem na atividade uma oportunidade de crescimento sustentável.
Segundo a META (2025), 28,9 milhões de brasileiros têm interesse na pesca esportiva, um mercado que movimenta turismo, equipamentos, vestuário, embarcações, veículos e tecnologia.
Apenas nos Estados Unidos, segundo dados da American Sportfish Association, a pesca esportiva movimenta mais de US$230 bilhões por ano na economia. Porém, o Brasil é o melhor local do mundo para a prática, com a maior bacia hidrográfica do mundo, com mais de 5 mil espécies de peixes catalogadas e mais de 7 mil km de costa litorânea.
Em regiões com grande vocação pesqueira, como o Pantanal, a Amazônia e represas do Sudeste e Sul, a pesca esportiva se consolida como ponto forte econômico, que alia conservação ambiental, turismo e geração de emprego e renda.
E onde o rio não passa, os pesqueiros também vêm ganhando cada vez mais força, ainda mais com grandes torneios em todos os cantos do país, movimentando a economia por todas as regiões.
A lógica é simples: quanto mais preservado o ambiente aquático e suas populações de peixes, maior é o potencial de retorno financeiro para comunidades e empresas locais. Isso cria um círculo virtuoso que beneficia o peixe, o pescador e a natureza.
“Não dá para comparar o valor de um peixe abatido com o de um peixe que pode ser pescado e solto diversas vezes ao longo de sua vida”, reforça Martin.
O estudo evidencia três impactos claros:
Econômico: a pesca esportiva distribui renda por toda a cadeia, do fabricante de anzóis ao dono da pousada.
Ambiental: valoriza e preserva o recurso vivo, garantindo a reprodução e o equilíbrio ecológico.
Social: promove turismo, lazer e esporte, estimulando comunidades a manter os rios e lagos saudáveis.
Em um país com rios extensos, biodiversidade aquática única e cenários naturais de tirar o fôlego, o potencial da pesca esportiva ainda ainda pode ser melhor explorado.
A Superintendência estima que, se a média identificada no Paraná fosse replicada nacionalmente, o impacto econômico poderia chegar a bilhões de reais por ano.
A mensagem final, reforçada por pescadores e especialistas, é direta: preservar significa multiplicar.
Como diz o lema que corre entre os apaixonados pelo esporte: o peixe vivo sempre vale mais!
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