Ingestão de plástico prejudica importante peixe do sudeste

Estudo mostra que cerca de 70% das curimbas coletadas tinham plástico no sistema digestivo

Por Alison Mota - 09/09/2020 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 11/12/2020 as 15:26

Falar sobre poluição do meio ambiente, infelizmente, acaba se tornando assunto corriqueiro, principalmente pela forma como o descarte incorreto de lixo afeta a vida selvagem. Entre os materiais que mais causam problemas, até pelo longo tempo que levam para se decompor, estão os plásticos. Estudos têm focado em revelar a forma como esses materiais prejudicam peixes. Já foram mostrados resultados no Amazonas e também no mar. Agora, uma inédita pesquisa revela que, na região Sudeste, a espécie curimba, também conhecida como curimbatá, tem sido afetada pela ingestão de plástico.

Para a pesquisa, 32 peixes foram coletados em dois diferentes ambientes, sendo um deles na parte mais poluída do rio Tietê e o outro no rio do Peixe, menos degradado. A maioria dos exemplares estudados (71,88%) tinha plástico no sistema digestivo, com média de 3,26 (na parte menos afetada do rio), e 9,37 (na parte mais afetada) partículas por indivíduo. Os tamanhos dos materiais encontrados nos peixes variavam de 0,18 a 12,35 mm. O estudo ainda cita que a ingestão dos plásticos deva ser predominantemente acidental, uma vez que essa espécie de peixe tem o hábito alimentar iliófago, ou seja, que se alimentam de larvas de insetos, moluscos e crustáceos. A pesquisa, liderada pela mestranda Bruna Urbanski e o Prof. Dr. Marcos Nogueira, e em coautoria com Dr. Valter e Msc Ana Denadai, foi apoiada pela FAPESP (FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Um dos pesquisadores do artigo científico, o biólogo Valter Azevedo-Santos, conta que estudos abordando a poluição por plástico no Brasil são poucos, por isso a importância de pesquisar sobre o tema. “O que motivou os estudos foi a necessidade de saber se os peixes de um rio impactado como o Tietê estavam ingerindo plástico. Ainda mais que nesse curso de águas existem muitas espécies com valor comercial”, afirma. Essa é uma das preocupações levantadas pelo artigo, pois é preciso alertar que há potencial dessa contaminação afetar quem consome os peixes provenientes da bacia do Tietê.

Ainda que os estudos foquem na ingestão de plástico pelos peixes, o biólogo alerta para outras formas em que os materiais plásticos descartados incorretamente afetam a vida aquática. “Por exemplo, redes de poliamida que são abandonadas continuam pescando por anos, que é o que chamamos de pesca fantasma. Em resumo, os principais impactos do descarte incorreto de plástico são o emaranhamento, seja por redes ou lacres, e a ingestão desses materiais, levando até a morte dos animais que ingeriram”, descreve.

Próximos passos

Agora que os dados foram coletados para a pesquisa, Azevedo cita quais os próximos passos que devem dados. “Além da divulgação na mídia, acreditamos que as autoridades que tomam decisões, como prefeitos e Governador, principalmente do Estado de São Paulo, que é onde foi feito nosso estudo, precisam se conscientizar e criar meios de minimizar a entrada de plástico nos rios”, almeja.

Na Fish TV, o assunto preservação é recorrente, afinal, sem um meio ambiente saudável a pesca esportiva não tem futuro. Que possamos ver cada mais iniciativas como a do estudo, provando a necessidade de se conservar a natureza. 

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