Vivemos uma era em que estar conectado parece inevitável. Segundo o Relatório Digital 2024, produzido pela DataReportal em parceria com as empresas We Are Social e Meltwater, o brasileiro passa, em média, nove horas e treze minutos por dia online (mais tempo do que dormindo).
Esse ritmo intenso tem gerado o que especialistas chamam de fadiga digital, um cansaço mental provocado pelo excesso de estímulos, telas e informações.
Mas, em meio a esse cenário, cresce um movimento contrário: a busca por experiências reais, longe dos celulares e perto da natureza.
Dados do Sebrae mostram que o turismo de natureza já representa 60% da procura nacional, revelando um desejo coletivo de reconexão com o que é essencial.
Para entender melhor essa relação entre natureza, bem-estar e a pesca esportiva, a Fish TV conversou com o Dr. Arthur Guerra, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da USP e da Faculdade de Medicina do ABC, e cofundador da Caliandra Saúde Mental. Arthur é um dos principais nomes no Brasil quando o assunto é equilíbrio emocional.
A pesca esportiva e o equilíbrio da mente
Foto: Fish TV.
Segundo o Dr. Guerra, a natureza é um antídoto contra o ritmo acelerado do mundo moderno.
“Vivemos num mundo com muitas poluições, e a poluição não é apenas do ar ou do barulho. É um mundo, muitas vezes, tóxico. A natureza remete a uma conexão muito mais saudável, natural. Ela traz paz, relaxamento, diminui a ansiedade, a tensão, a angústia e até a depressão”, explica.
Essa sensação de bem-estar, segundo o psiquiatra, é o que faz cada vez mais pessoas trocarem as telas por atividades ao ar livre, e a pesca esportiva é um exemplo claro disso.
“A pesca esportiva é um esporte maravilhoso”, afirma o Dr. Arthur Guerra.
“Ela não requer uma super habilidade inicial, nem grande preparo físico. O que ela exige é disciplina, metodologia e, acima de tudo, amor pela natureza.”
Foto: Dr. Arthur Guerra.
O psiquiatra destaca que a prática traz benefícios que vão além do físico. Segundo o médico, ela é uma verdadeira terapia de presença.
“Meus pacientes que praticam a pesca esportiva contam que o simples fato de se preparar, se concentrar e desligar o celular durante a pescaria faz com que vivam quase uma forma de meditação. É um momento de reflexão, de avaliar a vida. E, quando o peixe vem, é uma satisfação enorme devolvê-lo à natureza”, relata.
Além disso, Guerra reforça o poder da convivência proporcionada por esse tipo de atividade.
“Muitas vezes, você não faz isso sozinho, mas com amigos, com uma equipe. Há uma conexão, uma preparação, uma performance. E há um resultado final muito positivo: o de se divertir e se sentir bem com isso.”
Lições para todas as idades
Foto: Fish TV.
O Dr. Arthur também chama atenção para os benefícios da pesca esportiva entre crianças e idosos, dois grupos que encontram na atividade um espaço de tranquilidade e conexão.
“As crianças já entram num mundo totalmente digital, acelerado e competitivo. Quanto menos telas elas tiverem na vida, melhor”, afirma.
Para ele, atividades como a pesca esportiva ajudam a desenvolver foco, paciência e atenção.
“E o exemplo dos pais é fundamental. O exemplo não é a melhor forma de ensinar. É a única!”
Foto: Fish TV.
Já entre os mais velhos, o contato com a natureza contribui para reduzir sintomas de estresse e solidão, e ainda estimula o convívio social.
“É uma atividade que não exige tanto esforço físico, mas exige presença, disciplina e prazer em estar ao ar livre”, completa o especialista.
A entrevista com o Dr. Arthur Guerra reforça algo que os pescadores esportivos já sabem há muito tempo: pescar é uma forma de cuidar da mente e da alma.
A cada arremesso, a cada silêncio diante da água, há um reencontro com o essencial. Longe das notificações e perto da natureza, a pesca esportiva se mostra como uma das formas mais simples e profundas de viver o presente.
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