A Amazônia é sinônimo de grandeza, natureza viva e, para o pescador esportivo, é um verdadeiro santuário. As águas que cortam o bioma abrigam os peixes mais cobiçados do Brasil e do mundo. O sonho de capturar um tucunaré-açu é quase unânime entre os praticantes de pesque e solte.
Mas nesta temporada, a natureza impôs um novo desafio. Boa parte dos rios da região não está baixando como o esperado, registrando níveis acima da média e cheias que se tornaram as maiores dos últimos anos.
Foto: Arquivo Pessoal / Átila Amaral.
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o Rio Negro, um dos mais extensos da Amazônia, já registrou sete das dez maiores cheias da série histórica dos últimos 17 anos. E não é um caso isolado. Diversos outros rios da bacia amazônica têm quebrado recordes, com intervalos cada vez menores entre uma cheia e outra.
Para o pescador esportivo, o cenário muda completamente. O que antes era um paraíso de estruturas expostas, agora é um imenso espelho d’água, onde o peixe se espalha e a técnica é posta à prova.
Guias locais, com vasta experiência nos rios da Amazônia, precisam adaptar rotas, técnicas e estratégias para garantir boas experiências aos turistas. Como explica o guia de pesca Elias Soares, “a cheia muda tudo: o comportamento do peixe, o acesso aos pontos e até a forma de se pescar. É preciso paciência e leitura de rio”.
Mesmo diante das dificuldades, a essência da pesca esportiva permanece. O desafio mental é o que torna o esporte tão fascinante.
Enquanto alguns apostam na insistência, acreditando que a persistência é o segredo para grandes capturas, outros preferem variar as iscas e explorar novas técnicas para provocar o ataque dos peixes.
Bruno Borsari, pescador esportivo experiente, resume bem o espírito da insistência: “Às vezes o peixe não está ali por acaso. É acreditar no ponto, trabalhar a isca com calma e esperar o momento certo”.
Já Eduardo Monteiro e Alex Koike defendem a alternância de iscas como estratégia. “O pescador precisa ter repertório, variar iscas, velocidades e ações até descobrir o que o peixe quer”, comenta Monteiro.
Mas a lição maior vai além da técnica. A pesca esportiva é sobre conexão, respeito e aprendizado com a natureza.
O CEO da Fish TV, Guilherme Motta, pescador há mais de 25 anos, reforça esse pensamento: “A gente não controla a natureza. O peixe é consequência. A verdadeira pesca está nas experiências”.
E é justamente isso que torna a pesca esportiva única. Mesmo nas cheias amazônicas, quando o peixe parece mais distante, o pescador encontra um novo significado para cada arremesso. A pesca deixa de ser apenas sobre capturas e passa a ser sobre presença, contemplação e paixão.
No fim das contas, pescar na Amazônia é entender que cada dia é diferente, cada rio tem seu ritmo e cada momento pode se transformar em uma memória inesquecível.
Porque o verdadeiro troféu não está no tamanho do peixe, mas na grandeza da experiência.
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