Um grupo de cientistas dos Estados Unidos, com participação brasileira, descobriu uma maneira diferenciada para rastrear as rotas de migração dos peixes da Amazônia. A técnica é feita a partir de análises químicas dos otólitos. "Eles são tecnicamente pedras localizadas no ouvido interno dos peixes que dá a eles a noção de equilíbrio. Essas estruturas crescem com os animais e absorvem as características químicas das águas onde estão em cada fase do desenvolvimento", explica Leandro Castello, um dos autores da pesquisa.
Segundo ele, os otólitos são usados para determinar a idade e ritmo de crescimento dos peixes. Mas, no novo estudo, os cientistas usaram um método que faz a análise de uma grande quantidade de substâncias químicas nas várias camadas da estrutura "O equipamento usado corta pequenos pedaços do otólito enquanto faz a análise química da composição. Com isso, sabemos as características de habitat em todas as etapas da vida".
Sem o novo método, conforme Castello, existiam poucas maneiras para rastrear os animais. A análise, no entanto, não é barata: a aquisição do equipamento não sai por menos de US$ 250 mil e cada dia de operação custa US$ 1 mil. "Ainda assim, considerando que conseguimos analisar cinco ou seis peixes por dia, podemos dizer que a técnica não é apenas mais rápida, mas também mais barata que as alternativas convencionais. Além disso, a medida é fundamental para a preservação das espécies da Amazônia", ressalta o pesquisador.