O Brasil abriga uma das maiores diversidades marinhas do planeta, com espécies que vão dos pequenos robalos aos gigantes tarpons e peixes de bico. Essa riqueza natural atrai cada vez mais pescadores esportivos e movimenta significativamente a economia de diversas regiões costeiras.
Atualmente, o país possui mais de 1.300 espécies de peixes marinhos descritas, muitas delas com alto potencial esportivo, o que transforma o litoral brasileiro em um verdadeiro paraíso para quem pratica o pesque e solte.
Foto: Recife Tarpon
A diversidade marinha brasileira está diretamente ligada às condições únicas das nossas correntes oceânicas, as quais influenciam a vida marinha ao longo da costa, como explica o professor Alberto Amorim, engenheiro agrônomo e doutor em zoologia, especialista em peixes de bico.
“No hemisfério sul, as correntes giram no sentido anti-horário. Elas saem da África com águas férteis, cheias de nutrientes como nitrato e fosfato. Ao se aquecerem e perderem fertilidade, chegam ao Brasil, mais quentes e menos produtivas, criando um ambiente com pequena quantidade, mas com grande diversidade de espécies, para que eles consigam a sobreviver”, explica Amorim.
Além das características das correntes marítimas, a estrutura do litoral brasileiro também contribui diretamente para a grande diversidade de espécies encontradas no país. Como destaca o biólogo e ictiólogo Alfredo Carvalho Filho, autor do livro Peixes da Costa Brasileira.
"Em função dos quase 9 mil quilômetros que nós temos de ambiente marinho, incluindo os mangues, estuários, baias, praias abertas, recifes costeiros, cada um deles é habitado por diferentes espécies. Então, essa quantidade muito grande de ambientes, combinada com a extensão da nossa costa norte e sul, de águas quentes no norte e aguas frias no sul, proporcionam essa biodiversidade muito grande".
É nesse cenário que a pesca esportiva oceânica ganha vida! Com uma vasta quantidade de espécies na costa marítima brasileira, e peixes emblemáticos como tarpons, marlins, peixes de bico e robalos, a atividade desperta o fascínio dos pescadores e reforça o potencial do turismo de pesca esportiva no país.
Foto: Citron / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
Quem conhece bem essa realidade é o biólogo e guia de pesca Sérgio Macedo, especialista em pesca de tarpons, com a Operação Recife Tarpon, no Rio Capibaribe, em Recife-PE.
“O tarpon é um peixe semipulmonado, precisa subir à superfície para respirar, o que torna a captura muito visual e empolgante. É um peixe extremamente esportivo, toma muita linha, proporciona brigas intensas e surpreende até os pescadores mais experientes”.
Mais do que emoção, a pesca do tarpon representa uma importante fonte de renda. Em 2024, a operação de Sérgio registrou 150 saídas de pesca, a maioria em duplas. Em 2025, esse número já ultrapassa o do ano anterior. Já em relação à origem dos clientes, cerca de 60% são estrangeiros.
Foto: Recife Tarpon
“Economicamente falando, o tarpon é um peixe que atrai pescadores de todo o mundo, pescadores de outros países vem para o Brasil para capturar seu primeiro tarpon, e quem sabe capturar o peixe da sua vida. Então é um peixe que pode proporcionar para guias de pesca, para o turismo da região, um avanço econômico muito grande” destacou Sérgio.
Preservação das espécies da costa brasileira
Apesar do enorme potencial, a conservação das espécies marinhas ainda é um desafio. Segundo Sérgio, está cada vez mais difícil capturar tarpons adultos no mar, reflexo da pressão de pesca e do comércio ilegal de escamas, usadas em artesanato.
Foto: Daiju Azuma / Wikimedia Common
Outros fatores, como a sobrepesca, poluição e a destruição dos habitats naturais dessas espécies, como os manguezais, que são um são berçários de centenas de espécies de peixes marinhos, também ameaçam a nossa biodiversidade como um todo.
A riqueza de espécies marinhas brasileira é um patrimônio natural e econômico. Ela sustenta o crescimento da pesca esportiva, fortalece o turismo sustentável e cria oportunidades em diversas regiões.
Preservar esse tesouro é garantir que as próximas gerações possam continuar se encantando, e vivendo, da pesca esportiva no Brasil.
para comentar