Claro, o principal motivo ainda é porque tem plástico no oceano, o que começa com um erro nosso. A quantidade do material tem dobrado a cada dez anos, sendo que, a última estimativa apontou 250 milhões de toneladas do mesmo nos oceanos. A maior parte fica boiando na água, partida em pequenas partículas pelo sol.
Apesar de saber que o problema maior é a má gestão do lixo produzido pelo homem, cientistas buscam entender como os animais marinhos confundem o plástico com alimentos. Diferente do que se imaginava, não é somente o aspecto visual que chama a atenção, mas o odor liberado pelo plástico nos oceanos. A confusão acontece com todos, desde minúsculos zooplânctons às baleias, que sentem o "cheiro de comida".
Isso ocorre porque o plástico que flutua é perfeito para a criação de algas em sua superfície. Com a decomposição das algas, um cheiro forte de enxofre, o dimetilsufureto (DMS), é liberado no ar. Porém, algas são o alimento de um pequeno crustáceo, chamado Krill, responsável por consumi-las. Por sua vez, o Krill é alimento de diversos animais marinhos, incluindo algumas aves. Ou seja, as aves são enganadas por uma "armadilha olfativa", e acabam se alimentando de plástico, no lugar do Krill. De acordo com o novo estudo, publicado na Science Advances, entender como odor do DMS atrai as aves ajuda no combate do problema.
Números que crescem
Além das mais de 300 espécies registradas que consomem plástico, outros estudos já apontaram que praticamente todas as aves marinhas já ingeriram o material. Quando contabilizamos os animais afetados por outros materiais, como vidro e metal, por exemplo, o número de espécies cresce para 700, sendo o plástico o responsável por 92% dos casos de ingestão e emaranhamento.
Cientistas sempre indicaram a aparência física do plástico como o motivo principal da atração de animais marinhos, sendo o estudo dos odores o primeiro do tipo. Com as novas informações, eles dizem que é possível desenvolver plásticos que não atraiam algas ou não quebrem rapidamente no oceano.