Conhecido por sua longevidade impressionante, o peixe-búfalo-boca-grande é um dos seres aquáticos mais enigmáticos da América do Norte.
Alguns indivíduos dessa espécie de água doce chegam a viver mais de 100 anos, se tornando os peixes de água doce mais velhos do planeta.
No entanto, apesar de sua incrível resistência ao tempo, a espécie enfrenta sérias dificuldades para se manter no ecossistema, com uma população que envelhece rapidamente e nenhum sinal de rejuvenescimento.
Habitando o lago Rice, em Minnesota, Estados Unidos, os peixes-búfalos-boca-grande desovam anualmente, mas sua reprodução não tem gerado descendentes que sobrevivam até a idade adulta há mais de 60 anos.
Foto: Alec Lackmann.
De acordo com a BBC Earth, o pesquisador Alec Lackmann, da Universidade de Minnesota, que fez a pesquisa sobre o peixe-búfalo-boca-grande, explicou:
"A maioria dos peixes dessa população já tem mais de 50 anos, e não encontramos jovens vivos desde 1957".
Estudos recentes revelaram que esses peixes, apesar de envelhecerem, não apresentam sinais típicos de deterioração biológica. Pelo contrário, a pesquisa mostrou que, à medida que envelhecem, os peixes parecem melhorar sua saúde imunológica e sua resistência ao estresse.
Isso ocorre devido a um mecanismo que, segundo a pesquisa, pode estar preservando os telômeros, as extremidades dos cromossomos, impedindo que eles se desgastem com o tempo. Mas essa longevidade tem seu preço.
A população do peixe-búfalo-boca-grande está envelhecendo sem gerar novos membros para a espécie. Uma das hipóteses dos cientistas é que os filhotes estão sendo predados por outros peixes, como o chamado lúcio, que compartilha o mesmo habitat.
"A dificuldade de alcançar a maturidade pode ser uma adaptação que levou a espécie a viver mais, mas isso não é suficiente para garantir a sobrevivência", afirmou Lackmann para a BBC Earth.
Foto: Alec Lackmann.
Além disso, a espécie sofre com a falta de proteção. No estado de Minnesota, por exemplo, não existem regulamentações para limitar a pesca desse peixe. Muitos pescadores, confundindo o peixe-búfalo-boca-grande com espécies invasoras, o capturam em grande quantidade, colocando ainda mais em risco sua já fragilizada população.
Os pesquisadores alertam para a urgência em adotar medidas de conservação. A falta de interesse e de investimento em sua pesquisa pode condenar o peixe-búfalo-boca-grande a desaparecer sem que se compreenda completamente os segredos de sua longevidade.
"Precisamos urgentemente de mais estudos para entender como podemos proteger essa espécie fascinante", conclui Lackmann.
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