Na última sexta-feira (30) a Cetesp (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), confirmou que o vazamento de dióxido de enxofre - ocorrido há duas semanas - em uma fábrica de fertilizantes, foi o que provocou a chuva ácida na cidade de Cubatão, em São Paulo. O vazamento tóxico tornou o ar impróprio e ofensivo à saúde.
O ocorrido levou cerca de 80 pessoas ao pronto socorro com sintomas de irritação nos olhos, nariz, garganta, ânsia de vomito e dores no corpo. Em algumas áreas da cidade, a vegetação foi alterada e apresenta manchas e perfurações nas folhas, que segundo biólogos, é uma evidência de chuva ácida.
Segundo o mestre em Biologia Química da Universidade Federal de São Paulo, Murillo Consoli Mecchi, os prejuízos ao meio ambiente podem ser ainda maiores. "Além de comprometer a vegetação, muitos animais dependem dessas plantas. A chuva ácida pode escorrer também para o solo, arrancando minerais e nutrientes importantes para o crescimento da vegetação, além de levar metais pesados para rios e lagos", comenta.
A fábrica de fertilizantes Anglo American Fosfatos Brasil foi multada em 212 mil e deve cumprir uma série de medidas para evitar que a emissão atinja cidades vizinhas e prevenir novos acidentes.
Vale da Morte
Esta não é a primeira vez que Cubatão sofre com a chuva ácida, na década de 80 a cidade era conhecida como "Vale da Morte", por conta do alto nível de poluição do Polo Industrial e pela falta de legislação ambiental. Durante anos a população sofreu com problemas respiratórios e muitas mortes. Hoje a cidade é reconhecida pela ONU como símbolo de recuperação ambiental, porém o polo industrial instalado e a falta de rigor na segurança tornam a região vulnerável.